Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Guns & Skids - melhor do que esperava.
Quanto eu tinha banda de rock (1989-1994) bandas como Guns and Roses e Skid Row davam o norte às bandinhas de garagem como a minha. Já tinha assistido ao Skid Row em PoA, mas Guns nunca. Assistir às duas bandas (mesmo que só os vocalistas sejam os mesmos) juntas num único dia, e ainda por cima no meu aniversário, era algo que eu não poderia perder. Bueno, a jornada para assistir ao show iniciou saindo de casa após o almoço, chegada a PoA, janta e saímos (eu e minha irmã) do hotel pouco depois das 18h. Chegamos de volta ao hotel após o show 4:40 da manhã. Encarar essas indiadas de quase 11h não é tão difícil, mas fazer isso menos de 48 horas após ter feito um triathlon de mais de 5 horas é meio dolorido, e não recomendo a ninguém. (conheço outro maluco que fez isso, né Michel) Pra chegar ao show, tumultos de sempre, engarrafamento, Freeway parada, caminhar no acostamento da BR no escuro, filas quilométricas. A área VIP só ficava diferenciada perto do palco mesmo, até lá todo mundo era povão, e eu tenho pavor de povão. A programação era: 19h - Tequila Baby (no me gusta); 20h - Rosa Tatooada (já gostei, mas dá pra aguentar numa boa); 21h - Sebastian Bach/Skid Row (gosto tanto ou mais do que do Guns em si); 22h - Guns n’Roses (atração da noite). A área VIP é muito tranquila, dava pra sentar no chão e descansar, 20h estávamos em frente ao palco (uns 50m), e eu falei pra minha irmã e um amigo de show (roqueiro, aposentado do Banco do Brasil): vai demorar umas 2h ainda, os caras estão subindo refletor, não tem bateria montada nem microfone no lugar. Muitos operários no palco e começam os rumores “as bandas gaúchas não vão tocar mais por causa do atraso”. 22h um cara pega o microfone e avisa: o atraso é devido ao tornado que atingiu o RJ e destruiu material do palco e dos músicos, em 1h o show começa (mas qual show?). Das 22h até às 23h montaram mais 2 baterias no palco, e eu pensei - vamos ter pelo menos 3 shows. 23:20, chega uma notícia pelo Blackberry de um “vizinho” - Axl Rose visto no aeroporto do RJ há poucos minutos. O povo começa a vaiar, os técnicos de som cada vez mais apavorados, nisso sobe uma loira bunduda no palco e bota ordem nos operários, a galera grita “pelo menos tira roupa, porra”. Pouco depois das 23:30 o pessoal do Rosa sobe ao palco e é vaiado, fiquei com pena dos caras. O vocalista (enrolado na bandeira do RS) avisa: estamos aqui desde cedo, esperando, mas deu tudo errado, mesmo assim queremos tocar pra vocês. O nosso guitarrista foi embora indignado. Eles tocam 3 músicas em meio a aplausos e vaias, mas tocar com um músico a menos e sendo vaiado por muitos deve ser f@#%.
10 minutos de Rosa Tatooada, 20 minutos pra desmanchar o equipo deles e Sebastian Bach sobre ao palco, abrem com Slave to the Grind exatamente às 12:01, quando já era meu aniversário. A empolgação dele no palco segue a mesma desde a década de 90, a voz não é a mesma, mas sinceramente na época do auge dele vi shows em que ele estava bem pior do que ontem. Também não dá pra dizer que ele tá uma Barbie velha e gorda, ele segue com os mesmos trejeitos e aquela girada de microfone pelo fio. Ah, ele levou um tombo no palco, escorregou, mas levou numa boa. Tocaram por 1h15’ e deram ao público quase tudo que se esperava (In a darkened room, Youth gone wild, 18 & life, I remember you, Monkey Business, etc.) e uma meia dúzia de músicas da carreira solo dele. Durante o show ele explicou o atraso. Parte do palco foi destruída no RJ e inclusive instrumentos deles foram perdidos, ninguém se machucou, mas até instrumentos do pessoal do Guns eles tiveram que usar. Bom, essa é a versão oficial para o atraso todo. Tinha uma moça de origem “duvidosa” ao lado do palco, filmando o show, e o Sebastian vai até ela, dá um beijo na loca, leva ela até a frente do palco, ela filma ele em close, ele dá uns tapas na bunda dela, tasca outro beijo e manda ela embora. Notável a diferença na empolgação dos músicos do Sebastian ao tocar as músicas antigas do Skid Row, eles estavam muito mais motivados para tocar o material novo, do qual eles realmente fizeram parte. Até o final do show eu não sabia se era um baixista ou uma baixista. Sebastian encerra com Youth Gone Wild. Mas a essa altura (1:20 da manhã) o frio tava pegando e o cansaço então nem se fala. Eu já estava com as pernas cansadas da competição de domingo, em pé cansava, sentar no chão também, sola dos pés doendo, enfim não tenho mais idade pra isso, só de VIP mesmo. Tinha jantado às 5 da tarde, o que me mantinha em pé era ver o pessoal da pista, apertado contra a mureta e pensar que eles estavam ali imóveis desde as 4 da tarde. Eu pelo menos tinha chegado de noite, podia sentar no chão, ir ao banheiro tranquilo, etc. ao meu lado um grupo de 4 crianças (menos de 12 anos) com suas respectivas mães, todo mundo caindo de sono. Perto da 1:40 da manhã o palco se ilumina, telões acendem, fundo vermelho com direito a guitarrista no alto e guitarra de 2 braços (ambos com 6 cordas, mas o superior era fretless - quem sabe o que é isso, sabe, pra quem não sabe, não faz diferença) e eles abrem com a música Chinese Democracy (que dá nome à turnê e ao último disco) e emendam com aquele inconfundível delay distorcido em Si, mostrando que Welcome to the jungle estava iniciando o show pra valer. A qualidade do som do palco foi melhorando progressivamente, do primeiro pro terceiro show.
Bom, não vou descrever o show (deve ter um monte de blog por aí fazendo isso), mas apenas a minha impressão de músico/fã. Foram mais de 2 horas de show e nenhuma grande decepção musical (tanto no repertório quanto qualidade). Decepção mesmo só o atraso, mas isso foi um espetáculo à parte. Diferente das críticas que li anteriormente, o Axl, apesar de estar parecido com o Mickey Rourke depois da plástica, não está obeso e sem voz. Creio que depois do show de Brasília eles deram uma equalizada na voz dele, mas em algumas músicas dava uma reverberada que ficava muito estridente. A voz dele já é esganiçada e muitas vezes fica no limite do insuportável, talvez alguma coisa no eco da voz ou graves/agudos. Mas vi inúmeros shows dele (vídeo) e não dá pra dizer de jeito nenhum que ele tá acabado (o mesmo vale para o Sebastian). Com certeza, ele tá mais gordo, não rebola mais daquele jeito (who cares?) e não alcança os mesmos timbres. Mas diferente das críticas que li por aí, a minha crítica vai pra banda.
Eles fizeram uma jogada de marketing muito esperta. Com a saída do Slash, eles evitaram colocar a formação clássica de guitarristas (um solo e um base) porque inevitavelmente o guitarrista solo seria comparado ao Slash. Pra evitar isso, eles colocaram 3 guitarristas que fazem de tudo um pouco, dividindo assim a atenção do pessoal. A questão é que dos 3, apenas um parece ter encarnado o espírito do Gn’R, os outros dois parecem mais saídos de uma banda Emo e se eu visse uma foto acharia que são do Fresno ou algo similar. E a inclusão de músicas-solo dos 3 guitarristas mais desanimou do que agradou. O baixista faz o que tem que fazer e não fede nem cheira. E o baterista, apesar de ser um músico bom, não tem o mesmo peso que os dois anteriores tinham, principalmente Matt Sorum. Ele me pareceu um baterista de formação mais para pop/jaz do que para rock/metal, tecnicamente bom, mas faltava peso (punch) na marcação e nas viradas.
O show encerra com um bis de 3 músicas, e uma segunda volta ao palco para cantar parabéns para 2 gurias que estavam de aniversário, mostrando faixas e subiram ao palco. Bom, de certa forma posso dizer que o parabéns era pra mim também, mas mesmo que eu estivesse com uma faixa, acho difícil o Axl mandar os seguranças me subirem ao palco. Eu pelo menos nunca vi roqueiro pedir pra carregar homem pra cima de palco, e isso não muda seja o astro novo, velho, magro ou barrigudo, acho que eu não tinha chance mesmo. Próxima parada: Aerosmith (maio, SP).

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