Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

quarta-feira, 17 de março de 2010


Pinhal 2010, o quinto (dos infernos) - Pré-prova
Domingo passado completei meu quinto Meio Ironman de Pinhal (1.9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida). Pela primeira vez encarei essa competição viajando sozinho. O bom de viajar sozinho é que a gente pensa na vida, bota o som do carro bem alto e canta sem se preocupar com afinação. O lado ruim é que a gente pensa demais na vida e tem o perigo do sono, mas a viagem foi tranquila, queria sair de casa 9h e acabei saindo 9:13, mas isso não chegou a me irritar.
Saí de casa na sexta-feira e passei em PoA para uma consulta com quiropraxista. Após a consulta tomei o rumo de Pinhal. Pela primeira vez passei pelo túnel verde ao anoitecer, bem bonito.
Cheguei a Pinhal por volta das 18:30, o hotel (Navegantes), como era de se esperar é fraco, como de praxe nessa região, mas pelo menos esse ano estou sozinho, eu me preocupo mais quando estou com namorada, por causa do bem-estar dela. Nos hotéis dessa região sempre temos a impressão de que estamos invadindo a casa do dono do hotel porque é uma linha muito tênue entre onde acaba a casa dele e começa o hotel em si. O ventilador de teto tem 3 velocidades: parado, quase parado e muito barulhento. De vez em quando cai um floco de poeira que estava aglutinado numa das pás do ventilador. O disjuntor do meu quarto caiu em todos os banhos que tomei. Pior que no primeiro banho era de noite e me senti um herói por sair do banho todo ensaboado, tateando as paredes procurando algo que poderia ser uma caixa de luz e religuei a eletricidade do quarto.
Decidi que se nos próximos anos a prova de Punta for próxima a de Pinhal, optarei por ir para o Uruguai. A distância é quase a mesma, mas a estrutura da prova é muito superior e pode-se ficar num hotel de verdade.
19:51, o Humberto (ciclista) me liga pra dizer que está chegando aqui, está meio perdido entre Tramandaí e Cidreira, ele tinha que resolver umas coisas em PoA e resolveu vir de ônibus pra assistir e me dar uma força na competição, esse é parceiro.
O hotel tem um aviso estranho na porta “não nos responsabilizamos por pertences deixados no quarto”. O que isso quer dizer? Cada vez que saio do hotel tenho que colocar tudo no carro de volta?
Amanhã também chegam os conhecidos que farão a prova, o Kiko de Rio Grande e o Michel e Pablo de Pelotas. Vai ser o primeiro Meio Ironman deles, e vou pro quinto.
Na chegada a Pinhal eu vim pelo mesmo caminho que usamos no dia da prova, é estranho dirigir de novo por essa estrada e lembrar de cada detalhe do asfalto, tanto no trecho em que pedalamos quanto da corrida. Já dá um friozinho na barriga olhar pra lagoa, ver as curvas e os pontos de referência que usamos durante a prova a cada contagem de volta. Nesses 5 anos de Pinhal já foram quase 600 km pedalados e corridos nessa estrada.
Acho que dos 5 anos em Pinhal, esse ano é o que estou menos preparado para a Prova. Esse ano não pude treinar direito por lesão (já abandonei uma competição em dezembro por isso) e com minha separação recente tive um mês de fevereiro bem complicado, o que me consumiu uns 6-7 kg de massa muscular. Mas pelo menos estou bem leve e talvez por saber que não estou preparado, o nível de ansiedade é menor. E não estou com medo da prova. Com a experiência a gente vai mudando um pouco a cabeça sobre isso e espero conseguir encarar a prova como um longo treino.
Infelizmente, tenho a impressão que essa prova de Pinhal irá desaparecer do calendário. Esse ano foi notável o baixo número de atletas e muito provavelmente o motivo para isso seja o Half Punta, prova com a mesma distância realizada uma semana após Pinhal. Toda estrutura da prova em Punta chama mais atenção e é uma prova que existe há menos tempo que a de Pinhal, mas que já atrai quase 500 atletas de toda América do Sul. Ou seja, ou a data de Pinhal fica bem longe das provas de Punta ou ficará difícil manter a prova porque quando as 2 provas ficam perto uma da outra, é difícil “concorrer” com Punta del Este (natação na praia, roupa liberada, asfalto perfeito e com subida, congresso técnico e jantar no Conrad, todo glamour de Punta, etc.). E pra quem é casado, chegar pra mulher e dizer: “amor, que tal um fim de semana em Punta?” ela nem vai perguntar pra que. Já na prova de Pinhal não dá pra aplicar essa porque elas já sabem que se falar em Cidreira/Pinhal nessa época do ano significa indiada: ser forçada a acordar antes das 6h, mosquitos, hoteis esquisitos, andar pra lá e pra cá carregando cadeira de praia, máquina fotográfica debaixo de sol e outras dificuldades que os acompanhantes aguentam.
Na noite de sexta pra sábado custei a dormir. Estava com muito sono, mas os mosquitos incomodaram e demorei a achar uma velocidade no ventilador que conseguisse espantar os bichos, mas que não fizesse muito barulho. O hotel é fraco, mas tem umas vantagens logísticas como ser perto da competição e ter um freezer à disposição para as garrafas congeladas.
Peguei meu kit antes das 15h e enquanto estava arrumando as coisas os guris chegaram (Kiko, Michel e Pablo), fui com eles até a Lagoa da Rondinha. Abandonei a idéia de usar neoprene, tudo indica que eles não vão liberar roupa, portanto nem vou levá-la para a transição.
Agora são 17h e a bike está pronta e todo material da prova está separado. Vamos jantar os 4 com o Humberto, em Cidreira. Amanhã pretendo acordar no máximo 5:40. O hotel que ontem a essa hora tinha apenas o meu carro, agora está com uns 10 carros, tá um festival de homem depilado, nem estou me sentindo estranho andando pra lá e pra cá de pantufa velha e meia de compressão até o joelho. E mantive o look nazista até pra ir jantar, bermuda e meião até o joelho.
No sábado de noite começou uma chuva daquelas que não está com cara de parar tão cedo. Competir com chuva vai ser ruim. Antes de me deitar conferi todo material para amanhã (pneus da bike, comida na bike, material para corrida, etc.). A foto é uma miniatura de mim mesmo em Pinhal (2008), feita em epóxi.

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