Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

domingo, 21 de novembro de 2010

Volta da Ilha dos Marinheiros.
Eu não costumo escrever relatos de competições, mas hoje fiz uma corrida que me marcou por alguns motivos. Foi a prova mais longa que já fiz (24km em saibro e sem sombra), fiz meu melhor tempo de meia maratona (1h 42') e um corredor da prova morreu, o que é uma experiência meio surreal.
Bom, mas vamos à corrida. Meu plano era fazer 1h 54’ (coloquei o GPS para manter o ritmo de 4’45” pra cada km) e acabei fazendo 1h 57' 13", ou seja, fiz cada km em 8 segundos acima do que planejei, mas tudo bem, o dia estava muito quente, dei umas caminhadas pra beber com calma e pelo que ouvi todo mundo ficou com tempos acima do esperado. Meu percurso está aqui registrado no GPS . O que me chama atenção é que realmente nós temos um ritmo de corrida e é bem difícil mexer com isso. Eu falo assim porque meu melhor tempo em Meia Maratona era de 1h 48’, mas isso foi feito depois de nadar 1900 metros e pedalar 90 km. Era de se esperar que estando descansado eu fosse muito mais rápido, mas na verdade eu consegui fazer 6 minutos a menos apenas, ou seja, estando descansado eu fui somente 5% mais rápido. Até é diferença, mas se a gente pensa em pedalar 90km e depois correr ou simplesmente iniciar a correr descansado, o esforço é bem distinto. Larguei meio acelerado e o pessoal que eu sabia que iria no meu ritmo (Kiko e Rafael Ilha) demorou a me alcançar, um pouco antes do meio da prova eles me alcançaram, mas ficamos pouco tempo juntos e eu segui na frente deles. (na foto pós-prova em escadinha - Kiko, Rafael Ilha (ex-obeso), Pedro Zeleniakas e eu). O pessoal se assusta porque eu caminho de vez em quando, mas é mania mesmo, se passo por um posto de água e tem uma sombrinha por perto, eu valorizo aqueles metros pra beber com calma e curtir alguns segundos de sombra, que eram raridade na prova de hoje. Levei comigo 4 garrafinhas de isotônico, tomei água em todos os postos e ainda dilui num copo uma pastilha com eletrólitos. Após a chegada foram mais 2 copos e 2 garrafas de água - só fui fazer xixi 4 horas depois, e com cor de whisky - ou seja, mesmo com todo meu esforço pra manter a hidratação, não deu. Isso me causou um enjôo pós-prova e só fui conseguir comer 2h mais tarde. Semana passada corri uma etapa do estadual de triathlon (em Osório) e fiquei em quarto lugar. Hoje repeti a colocação.

Mas o lado triste que com certeza marcará o evento foi a morte do corredor (que já está em todos jornais online). E sempre ouvimos aquela frase clássica - “como tem morrido atleta né”. Eu sempre penso: atletas são pessoas, e pessoas morrem, alguns morrem parados em casa aos 40 anos, outros morrem fazendo sexo aos 80, e alguns morrem jogando futebol com 25.
O corredor que faleceu tinha 54 anos, era funcionário da Universidade (FURG) e estava participando da Volta de 24km. Assim que cruzei a linha de chegada ouvi a notícia me assustei porque o pai de um grande amigo meu também é da Furg (Paulo Rubira), estava na corrida e tem mais ou menos essa idade, mas em seguida falaram o nome do falecido e vi que não era ele.
Possivelmente a imprensa ou meros espectadores agora começam a comentar sobre o esforço que é uma prova dessas, em que pessoas chegam ao ponto de exaustão que leva à morte. Lá na hora mesmo muitas pessoas já falavam - "ah, mas o dia está muito quente". Mas esse caso específico nada tem a ver com a prova em si ou com as condições da mesma.
Para se ter um infarto fulminante basta estar vivo, em mais de 40% dos casos de doença cardíaca, o primeiro sintoma é a morte. O acidente cardíaco (que culminou com a morte) ocorreu com menos de 10 minutos de prova, ou seja, com certeza o trágico evento é consequência de alguma atitude tomada antes da prova, possivelmente no(s) dia(s) que antecederam a competição ou simplesmente ele iria morrer, mesmo se estivesse em casa vendo o Esporte Espetacular. Nesses momentos começam os comentários, como por exemplo: ele havia corrido 2h na véspera e teria consumido grande quantidade de bebidas "estimulantes/energéticos". Realmente, essa tem sido uma prática cada vez mais comum e o pessoal acha engraçadinho ter taquicardia. Hoje existem vários produtos ricos em cafeína, taurina, etc. que são estimulantes, mas esportivamente podem se somar a outros fatores (adrenalina, calor, desidratação, um coração meia boca, etc.) e causar desmaios ou algo pior. Não conhecia o corredor pessoalmente, mas parece que ele não tinha um estilo de vida muito regrado para quem quer ser atleta amador, mas isso realmente não faz qualquer diferença agora e ficar procurando causa mortis é 100% inútil. O único lado bom de se aprofundar uma investigação dessas é se constatado que foi alguma imprudência, poder mostrar pro pessoal no futuro que não dá pra brincar com algumas coisas.
Outra crítica no momento foi em relação ao socorro prestado. As ambulâncias estariam mais a frente com o pessoal da "elite". Eu nem quero entrar nesse assunto, mas perdi a conta de ir a competições em que o socorro anda com os primeiros lugares, justamente quem menos precisa. E isso ocorre com mais frequência em provas de natação (Travessias), o que é mais sério ainda. É comum vermos vários barcos cercando os primeiros colocados e do meio pra trás o pessoal vem sozinho, meio desnorteado, andando em ziguezague e se algo acontece... não sei se hoje aconteceu algo parecido, mas muitos disseram que a ambulância demorou a chegar. E se tivesse chegado antes???? Não dá pra saber.

2 comentários:

  1. Fala Marlos, infelicidade a morte do atleta na prova.

    Bem interessante a relação que colocaste, correr cansado/descansado. Particularmente pude observar no olímpico de osório fui 10% mais lento em os 10k que fiz duas semanas antes. Perdi 30s por km.

    Quem sabe não é objeto de estudo para um pós-doutorado heheh

    Abraço

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  2. É isto Marlos, uma fatalidade.
    Tenho dito a todos e não canso de repetir.- Corrida de rua não é só um esporte, é um estilo de vida.
    Voce falou o certo, tem que ir ao médico e obedecer o que ele prescreve.
    Um abraço, Eduardo

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