Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Balanço esportivo: 2010
O ano de 2010 acabou e não foi nada do que eu pensava que seria. Na minha infância criei a expectativa de que em 2010 estaríamos “no futuro”, tipo Jetsons, mas isso não aconteceu. Apesar de termos internet (que ninguém previa), ainda dirigimos os mesmos carros, nada de naves. Tirando o WikiLeaks, o ano não teve nada de surpreendente.
A foto do post é de 11 anos atrás de propósito, fim de ano é hora de se olhar pra trás. É do primeiro Duatlo que se fez no Cassino, em frente à estátua de Iemanjá. Eu com 25 anos, numa era A.A. (Antes do Abib, Henrique Abib, atleta que se tornou invencível nessa prova desde 2005 – desde então ele é sempre o primeiro a sair da água e o primeiro a cruzar a linha de chegada). Eu de lá pra cá felizmente estou nadando menos para me tornar um triatleta melhor (troquei tempo dedicado à água pelo asfalto para me tornar um melhor ciclista e melhor corredor).
Sempre ao final do ano eu faço o controle numérico dos meus treinos pra ter ideia de quanto estou treinando e como evoluo (ou involuo) ao longo dos anos. Mesmo antes de ser epidemiologista eu já tinha mania de ficar fazendo esse tipo de contabilidade inútil. Mas dá pra ver uma boa associação entre o volume de treino em cada disciplina e meu rendimento. Comecei esse controle em 1999 e tive altos e baixos causados basicamente por 3 motivos: lesões, falta de tempo ou problemas como piscina fechada por alguns meses.
Em 2010 tive uma mudança positiva que foi ter finalmente iniciado Pilates. Há muito tempo queria ter iniciado, mas sempre achava alguma desculpa. Apesar de não ser muito mensurável o quanto meu condicionamento melhorou devido ao Pilates, me sinto melhor e mais eficiente em vários aspectos. Além disso, fiz uma avaliação postural com fisioterapeuta que me receitou palmilhas e me fez entender cadeias cinéticas que estavam desequilibradas no meu corpo. Não que elas estejam equilibradas perfeitamente agora, mas quanto mais conheço do meu corpo, mais reconheço minhas limitações e melhor convivo com elas. Com isso mudei alguns hábitos e incorporei alongamentos diários específicos e manobras na quiropraxia que me deixaram menos suscetível às lesões e aos espasmos musculares, que são minha cruz desde 2000.
Uma das coisas que mais mudou ao longo dos últimos 10 anos foi a proporção em cada disciplina, por exemplo, em 2000 o tempo que dediquei à natação foi 5 vezes maior que o tempo dedicado à corrida. Dez anos depois, a quantidade de tempo gasta nessas 2 disciplinas é praticamente a mesma, com o ciclismo ocupando o dobro do tempo, o que é bem mais coerente para um triatleta como eu, que começou na natação.
Mas encerrando o ano de 2010 então eu treinei um total de 245 horas nas 3 disciplinas. Além disso, acumulei 175 horas entre musculação e Pilates. Pode parecer muito, mas já cheguei a treinar quase 500 horas em um ano, porém isso foi numa era pré-mestrado, pré-doutorado, pré-trabalho de gente grande. Mesmo com as mudanças em treino, a composição corporal permanece praticamente inalterada desde 1994, mas agora com os 40 chegando perto a coisa pode mudar um pouco.
Com essas comparações é que se percebe a diferença de uma pessoa ativa (como eu) para um atleta de verdade. Enquanto eu faço 400-500 horas de atividade em um ano, um triatleta de elite chega a treinar 2 mil horas. Enquanto eu pago, eles são pagos para treinar, viajar e competir.
Acumulei em 2010 aproximadamente 150 km nadados, 4170 km pedalando e 750 km de corrida. Ou seja, ao longo de um ano, é o mesmo que dizer que todos os dias eu fiz um mini-triathlon em que nadei 410 metros, pedalei 11,5 km e corri uns 2 km. Infelizmente o que eu queria aumentar mesmo eram horas de sono, mas isso tá difícil. Quem sabe isso mude agora com a minha aposentadoria em 2040 mais ou menos.
Apesar do treinamento não ter sido dos maiores em volume, esse foi o meu ano mais competitivo desde 1995, pois participei de 30 provas entre natação, ciclismo, corrida e combinações dessas disciplinas. Dá uma média de uma largada a cada 12 dias. E felizmente das 30 que larguei, 28 eu completei, desisti apenas de 2 rústicas por causa dos espasmos musculares. Psicologicamente nunca estive tão treinado e até acho estranho acordar num domingo sem despertador e sem competição.
Pro ano que vem a intenção é competir a mesma quantidade e sem dor, mas também se tiver que ser com um pouco de dor e abandonar umas corridas de vez em quando, não dá nada. Sinceramente hoje eu largo com 2 grandes objetivos: completar e não me acidentar no ciclismo. Desde 2001 (quando tive um acidente meio sério) cruzar a linha de chegada sem nada quebrado nem sangue tá mais do que bom. O negócio é seguir assim e não parar com o triathlon, pelo menos até os 85 anos.
É, 85 é uma idade legal, 2059 então vai ser minha última temporada no triathlon, é um ano bom. Depois disso o ciclismo começa a ficar perigoso, fica difícil treinar ao mesmo tempo com Ipod e aparelho de surdez e a partir de 2060 o lance vai ser ficar nadando e correndo naquele ritmo dos velhinhos, como diz um amigo meu, no “passinho da porca prenha”. A não ser que eu faça como esse senhor aí embaixo, ai a coisa muda de figura e pode ser que eu me empolgue por uns anos a mais.

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